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domingo, 20 de novembro de 2011

Amor Mítico

 Ela acordou naquela manhã de outono decidida a entender o rumo que sua vida havia tomado, vestiu-se e saiu como se o lugar algum fosse seu único destino. Lembrava-se do último inverno, e como este lhe foi dolorido. Dor com certeza foi o que sentiu naquela noite fria e chuvosa de inverno, quando aquele que seria seu marido resolveu abandoná-la as vésperas do casamento, dizendo-lhe “não estar pronto” para cuidar de uma família. Não pôde entender muito bem os motivos de tal indecisão, mas acatou sua vontade, deixou-o ir sem lágrimas, adeus, ou tentativas de reconciliação, simplesmente disse: - seja feliz! Sem olhar para trás partiu. Ela ficou triste, nunca imaginou que isso aconteceria, eles – feitos um para o outro, como Romeu e Julieta, como queijo e goiabada.

Ela - a mais linda, que despertava ciúmes, invejas. Era inteligente, possuía o dom da fala, da persuasão pela palavra.

Ele – Era bonito, educado, gentil, não despertava grandes paixões, mas eles se completavam. Não era de falar muito, bem verdade que quando falava, até se atrapalhava com as palavras.

 E nessa completude viveram um relacionamento “perfeito” aos olhos dos amigos, familiares, invejosos, desejosos, afetuosos e também religiosos, eram eles uma só alma, divididos em dois corpos.

Naquele inverno, planejavam viagens, passeios, noites românticas e o casamento futuro. Mas como se uma nuvem carregada tivesse os rondando, ele ao abrir seus lábios aquela noite, disse um sonoro “Estou confuso”. Ela o olhou profundamente nos olhos, respirou, e o chamou pra sair. Ela nada falou durante toda a caminhada, apenas pensava – ela a dona da fala, calada, que ironia. Em certo ponto disse-lhe que ele podia tomar seu caminho, ela tomaria o dela, os caminhos deles já não era um só. A tempestade havia começado.

Discutiram, não sabiam o que queriam, ou sabiam tão bem que nenhum queria abrir mão de seu “bem”. Depois de dado momento, ela decidiu por fim a tudo e partiu. Mal sabia ela que no dia seguinte o procuraria, sem o encontrar. Passou horas no banco frio e impessoal da praça próxima a casa dele a esperá-lo. Neste tempo pode por seus pensamentos desordenados enfim, em ordem, queria ele. Queria que ficassem juntos, este era o certo. Seus destinos traçados na maternidade, escrito nas estrelas. Esperou, Rasbicou seus nomes em papel invisível, Afrodite e Narciso, ambos belos, ambos deuses, ambos mitos.  

Levantou-se e foi embora, Narciso e Afrodite, deuses predestinados por Zeus a viver um amor mítico.

Agora lá estava ela, em pleno outono, em sua praça preferida, via a folhas caírem, os casais passarem, as crianças sorrirem. Ela tentou se lembrar de coisas banais, mas nada fazia sentido.
Agora tinha certeza seu amor, não passou de um mito.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O (des) encontro

Ela acordou animada, aquele dia teria muitas coisas a fazer e principalmente teria um encontro muito importante.
A dia transcorreu tranquilo, conseguiu cumprir todas as coisas que tinha proposto, conseguiu completar coisas inconclusas.
Era chegada a hora de se arrumar para o grande encontro.
Arrumou-se e foi ao local marcado.
Esperou.
Cansou.
Partiu.
Tudo o que poderia ter acontecido, simplesmente não aconteceu.
Dormiu.
Sonhou.
Não acordou.
Ela tinha encontrado o que sempre esperou.



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Evando Nascimento.

Queridos colegas,

Evando Nascimento é baiano e estudou na UFBA durante a graduação. Depois criou longas asas e foi fazer mestrado e doutorado fora, tendo sido orientado por Jacques Derrida e tornando-se uma das falas mais relevantes sobre o pensamento derridiano no Brasil.

Evando é um professor generoso e um escritor contemporâneo de destaque que traz, no corpo de seu texto literário, uma lógic...a desconstrutora que nos reorienta nos universos das representações e das escritas de si.

Gostaria de convidá-los para o lançamento de seu novo livro de contos "Cantos do Mundo", sexta-feira (18 de Novembro) na Academia de Letras da Bahia:

17hs - Conferência: "Retrato do autor como leitor"
18hs - Apresentação do livro e sessão de autógrafos.
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terça-feira, 19 de julho de 2011

Passarinho sem ninho

Chegou de mansinho,
como um passarinho à procura de seu ninho.
Foi ficando, como quem nada queria.
Conquistou o amor e com ele se protegia.
E certo dia, após anos de harmonia.
Percebeu que aquele ninho,
aquele ninho, não era apenas o que queria.
Abriu suas asas, 
então viu que podia alçar vôo,
alçou vôo e voou.
Voou sem rumo, pois queria conhecer o mundo.
O ninho já não lhe pertencia. 

sábado, 25 de junho de 2011

Acabou

Queria não estar aqui, queria não ser eu, queria não saber chorar, não poder chorar, não ter glandulas lacrimais... Queria ser insensivel..
Hoje parece que tudo que existe em mim é falso, todos os meus sonhos desmoronaram deixando sobre mim um monte de escombros que não sei como retirar... Que não sei se serão úteis para a (re)construção de sonhos desfacelados.
Mentira ou verdade? Não sei, só sei que não queria estar nesta falsa realidade, ou/e nesta realidade falsa...

domingo, 19 de junho de 2011

Fragmentos

Existem certos dias,
Que parecem feitos para descobrir coisas,
nestes dias 
descobre-se principalmente o que se é capaz de fazer...
Peço-lhes apenas cuidado senhores e senhoras...
Pois somos capazes de coisas que não cabem na nossa existência. 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Amante


Requisitou o livro.
O livro que a pouco havia descoberto.
Deveria esperar cinco dias até encontrá-lo, poder tocá-lo e sentí-lo.
Foi para casa ansiosa com o momento esperado.
Não resistiu...
Três dias depois retornou ao local.
A atendente da loja, disse-lhe que ainda não havia chegado,
que esperasse o telefonema.
Ficou decepcionada...
Teria de esperar mais uns dias.
Dias depois...
- Senhora, seu pedido chegou, pode vir buscá-lo.
Poderia ir naquele instante e tocá-lo, sentí-lo, tê-lo perto de seu corpo...
Mas não!
Queria experimentar mais um pouco daquela sensação de ansiedade,
nervosismo, nervosismo desses da primeira experiência.
Seria sua primeira vez com ele.
Será que ele de fato teria sido feito pra ela?
Experimentou aquela sensação por mais dois dias.
Decidiu então, que era chegada a hora.
No caminho, imaginava se ele era de fato interessante, ela gostaria do que veria?
Ao chegar dirigiu-se direto ao local de atendimento.
A atendente procurou o pacote, abri-o e verificou se estava ok.
Ela sentiu ciumes, como ela pôde ter tal ousadia?
Ele é MEU!
Vai ser meu para sempre!
Olhou a atendente com indignação mais uma vez,
pegou o que lhe pertencia e pôs-o enfim, próximo ao seu corpo.
Sente? - ela perguntou. - Minha respiração ofegante.
Vê? O que você me causa?
Esperei-te por tanto tempo...
Senti-o, tocou-o, abraçou-o, pôs seus lábios por alguns instantes em sua fronte.
Observou-o intensamente, e tão profundamente que viu nele o que ia em si.
Ele havia penetrado a sua essência.
E ela...
Ela já não era mais uma menina com seu livro, era sim, uma mulher com seu amante.


segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sonho x realidade


Um dia você descobre que todos os seus sonhos, foram apenas isso:
Sonhos.
E que não adianta sonhar incluindo o outro,
O sonho é SEU.
Um dia você descobre que os sonhos não correspondem a realidade,
Descobre que a vida é mero simulacro...
Descobre ainda que viver, viver "é muito perigoso",
E sonhar é pre-requisito pra viver.
Descobre que sonhar com o "impossivel" é sofrer, mas resistir.
Um dia você descobre que sonhar o impossível é sofrer infinitamente.
Um dia você descobre que se você não sonha não vive,
mas se sonha não vive a realidade.
Um dia, você descobre que não estava sonhando junto,
e isso....
Isso é fatal.
Um dia você descobre que todos os seus sonhos, foram apenas isso:
Sonhos.

As chuvas mornas de março


As chuvas mornas de março, para alguns a fecundidade,
para outros a catastrofe.
As chuvas mornas de março, nascem no ventre de uma deusa,
correm rio adentro,
Morrem na sede de um cão.
As chuvas mornas de Março...
Enlouquecem o rei dos Mares,
Netuno louco,
Louco Netuno,
Netuno morto,
Morto com uma faca em seu peito,
Netuno morto,
Netuno repousa no Olimpo,
A faca, herança de seu povo,
repousa na calmaria profunda do mar,
As chuvas mornas de março,
Não chegam lá.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Um dia...


Um dia não serei mais eu...
Mas se não serei mais eu,
Quem eu serei?
Um outro mim de mim que se esconde
no recondito de mim?
Ou um outro eu, resolverá que este eu já não
é o suficiente e quererá seguir em frente?
Não sei,
Só tenho a certeza de que um dia...
Serei diferente.

Encondido


Em um gesto voluntario de ostracismo, escondi-me no mais recondito de mim...
Agora não sei mais se serei a mesma pessoa, não sei mais se verei o mundo com os mesmos olhos.
Não sei se as pessoas me verão da mesma forma, nem se ainda quero estar proxima as mesmas pessoas de antes.
Agora, é tudo diferente..
Dentro de mim, vi muitas coisas feias e diversas coisas lindas...
As feias prefiro continuar escondendo, as lindas, estou vendo uma forma de traze-las a tona.
Quero impactar o mundo...
Depois disso, nem eu,
nem ele, muito menos os que me rodeiam, seremos os mesmos.
Lis, 13/05. 10:56

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Dia de Formatura!


Jovens excitados,
Pais emocionados,
Avós anestesiados,
Amigos extasiados.

Entram em cena,
um após o outro.
Apresentam-se,
um após o outro.

As lágrimas misturam-se
aos sorrisos,
A felicidade confunde-se
com o nervosismo,
o orgulho.

Emoção....

É momento da consagração.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Evando Existe!!

Evando Existe e acredite, esta entre nós!!

Cantos do Mundo


Evando Nascimento, lançou este ano seu novo livro ficcional,
seu livro de contos denomina-se "Cantos do Mundo".
Segundo criticas,
"Cantos do mundo é um livro filosófico e provocativo. Evando Nascimento desloca as coisas de seu habitual, de seu lugar natural e esperado, e movimenta o mundo e seus cantos, obrigando-nos a nos movimentar com ele."
Nada que já não esperemos do autor.
Estou anciosa para ter este livro, Evando Nascimento é um excelente escritor e sua escrita é sempre provocativa.
Não percam a oportunidade de ler a escrita deste autor filosofico e provocativo, e além de tudo, Um autor Múltiplo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

É isso ai...

"De tudo ao meu amor serei atento, com tanto e tal zelo e sempre e tanto que mesmo em face do meu maior encanto dele se encante o meu pensamento"
As coisas nem sempre são apenas amor...
Certa vez, caminhando percebi que os passaros amam e são fiéis.
Percebi que as crianças amam e confiam,
que são capazes de se atirarem dos lugares mais altos,
se alguém que as amam e transparecem isso, estiverem estendendo os braços.
Percebi que os cães seguem seus donos por onde estes vão, não por obediencia, mas por lealdade e devoção.
Por que são amados, e confiam.
Percebi em certo ponto, que para amar é preciso confiar.
Então me perguntei....
Eu confio?
Eu que sou atento ao meu amor...
Que zelo e que sempre o encanto....
Eu confio?
A pergunta paira no ar....
Ecoa no vento, em uma caverna...
Até chegar ao mais recondito de mim...
Eu não sei a resposta.
Mas quem saberá?

Sonhei...


Sonhei que podia ser poesia...

E era lida todos os dias...

E cada um dizia o que via...

Sonhei que no fim do ultimo verso,

Eu tinha não um ponto final...

Sonhei ...

Sonhei que terminava com um sinal...

Um sinal de infinito...

Sonhei mesmo,

Que era eu...

O próprio infinito.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Inocencia

Olhar inocente,
mas às vezes mente.
Mente...
Mente de tal modo, que muitas vezes finge ser dor,
a dor que deveras sente.
Mas quem poderá julgar a inocencia que vai à alma e a dor que vai no coração?