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sábado, 2 de março de 2013

A MORTE ANUNCIADA



Em um desses hotéis de luxo, de compridos corredores onde o sol não entra e as paredes são cobertas por quadros, onde o vento de fora luta conta às portas de vidro, que dão para grandes varandas com vista para o mar. Onde é tudo perfeitamente impessoal, tido como local de descanso e abandono. Nestes hotéis, onde os funcionários são polidamente educados e discretos.
Em um destes hotéis, no centro de RECIFE, havia se hospedado um casal e seu filho, uma criança com apenas 10 meses, tida pelo casal como alguém que precisava deles, por isso o haviam levado.
O homem reconhecido lutador de boxe, parecia calmo e feliz. Sua esposa solícita e dedicada. Um casal apaixonado. Aos olhos de quem os observavam, viviam uma constante lua de mel.
Porém, caro leitor, este conto não se trata de um conto de amor, pois sei bem que andas cansado dessas novelas melosas, com finais sempre felizes, donzelas indefesas e heróis a espreita. Mas voltemos a nossa história, essa história verídica e inconclusa.
Na terceira manhã do casal no hotel, que já lhes foi apresentado, a esposa do boxeador com toda a cautela e solicitude que lhe é própria, disca o numero de emergência. E lhes pergunto: O que poderia ter acontecido? Será que o filho do casal havia se engasgado com algo? Ou mesmo caído de sua caminha? Será que o marido da distinta senhora havia passado mal? Poderia ter sido isto, pois o jantar havia sido farto e ele havia bebido um pouco além que de costume. Mas voltemos aos reais acontecimentos.
Os paramédicos chegam ao quarto do hotel, vão correndo ao local indicado pela senhora, colocam-se ao lado do paciente à examina-lo.
-  Senhora. Diz um deles. - Seu marido está MORTO. Infelizmente não há mais nada a ser feito.
E neste momento de puro desespero a distinta senhora atira-se sobre o corpo de seu amado esposo, perguntando-se como aquilo havia acontecido.
- Senhora, a senhora deve se afastar. Devemos aguardar os peritos. Recomenda um dos paramédicos.
A policia e os peritos não tardaram a chegar ao local. Perícia feita, corpo liberado para ser encaminhado ao Instituto Médico Legal.
Agora os policiais investigativos, iniciam sua investigação, interrogatórios e logo devem encontrar possíveis resoluções para o caso.
Na noite anterior, o casal havia estado em um famoso restaurante da cidade turística, os policiais interrogaram os funcionários do local.
Os funcionários disseram que o casal jantou com seu filho, que o boxeador bebeu um pouco a mais e ao sair do restaurante o casal teria tido uma pequena discussão, não se sabe se por ciúme ou desconfiança. Os funcionários foram unanimes em seus depoimentos. Depois da discussão a senhora Huck, saiu caminhando sem esperar o esposo.
Passantes disseram que o senhor Huck, deu algumas voltas no bairro procurando a esposa, não a teria encontrado e então voltou ao hotel.
Os funcionários do Hotel disseram em seus depoimentos que não perceberam nada, e não viram nada que justificasse o suicídio do boxeador, tendo em vista sua tranquilidade aparente.
O depoimento crucial seria o da esposa dedicada. Segundo a senhora Huck, após a discussão voltou ao hotel e esperou o marido, depois subiu para o quarto e dormiu, ao acordar na manha seguinte encontrou seu esposo caído e como foi dito morto.
Os agentes policiais investigativos deram por encerrada a investigação, alegaram que o boxeador havia de fato se suicidado. Descartam a possibilidade de assassinato, e a culpa da esposa, tendo em vista que esta chamou ajuda e aguardou os policiais com a devida tranquilidade.
Caro leitor, não vos me apresentarei como um Sherlock Homes, apenas digo-lhes que sou um curioso, um observador minucioso das ações humanas.
Voltemos um pouco ao contexto, um boxeador morto, em um hotel onde estava de férias com a “família”.
O que levaria um homem “forte”, de alma nobre suicidar-se? Uma discussão com a esposa? Um pouco de álcool no organismo?
Observemos o local do ocorrido, o apartamento de dois andares, embaixo a sala, um bar, uma varanda, em cima o quarto e banheiro, uma pequena escada dá para o segundo andar, foi encontrado no local a alça de uma bolsa, que teria sido usada pera o suicídio, ele teria posto a alça da bolsa em seu pescoço e se pendurando na escada, assim, enforcou-se. O corpo foi encontrado embaixo da escada.
Eu estive no local, mas não nos apressemos, logo lhe direi minhas conclusões. Antes de dar por encerrado o “mistério”, quero informa-lhe que entrei em contato com a família do “suicida”, a mãe afirma que ele não sofria de nenhum distúrbio, não apresentava nenhum sinal de depressão, estava em plena felicidade.
Os familiares do boxeador acusam a dedicada esposa, os indícios: ele havia mudado seu comportamento, após o casamento, o boxeador teria ainda mudado seu testamento recentemente declarando como únicos beneficiários sua esposa e seu filho mais novo, excluindo sua filha de outro relacionamento e está sob os cuidados da mãe do boxeador, no Canadá.
E vos pergunto atento leitor, Seria este mais um crime por herança? Teria sido esta mais uma morte anunciada?

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